sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Natal, delicioso, familiar, tradicional e a Bûche de Nöel



Minha querida, querida, Querida Prima, Leonor me ligou dia 24 de manhã pedindo um help. Ela está recebendo o lado francês da família dela para a ceia de Natal e tudo ficaria sem sentido sem uma Bûche de Nöel. Pior que isso só um misterioso desaparecimento da árvore de natal.
Leo me ligou porque sabia que eu poderia resolver o problema. Giancarlo, meu marido, é gerente de Alimentos & Bebidas do Sofitel Rio e conseguiria com o seu super chef pâtissier, Dominique Guerin, adicionar às tantas encomendadas mais uma bûche, de última hora. Dito e feito, eu cheguei à festa com o simbólico doce francês.
Os franceses, e os brasileiros, amaram. Viva o Domenic e sua equipe!!! Estava uma delícia!

Viva a Leonor e o Elia! Já virou tradição o descontraído Natal em família que promovem. Adoro!

Moro no Rio, meus pais e irmãos em São Paulo, meus filhos são do primeiro casamento e meu marido, italiano, trabalha loucamente no Natal. Para podermos comemorar juntos todos os anos desenvolvemos um método infalível - O Pré Natal.
Este ano nossa festa acabou sendo arrebatada por outra ainda mais importante, o casamento de meu irmão Guilherme e da sua Ana Lúcia. Como presente de Natal e de vida chegará em janeiro a minha primeira sobrinha, Rosa. Um brinde aos noivos!
Aproveitei esta rápida a ida à São Paulo com marido e sem compromissos profissionais para estar com amigos – infelizmente não deu para estar com todos, mas aqueles com quem estivemos representaram bem os outros, tão queridos quanto.

Como sempre tomamos café da manhã na nossa pâtisserie predileta, Douce France, do nosso querido amigo Fabrice Lenud.
Ele não para, está sempre inventando modas deliciosas. Adivinhem o que ele fez para celebrar o Natal?

É isso mesmo! Uma grande coleção de Bûche de Nöel. Sua vitrine estava ainda mais colorida, decorada com bûches de todos os tipos: grandes, pequenas, tradicional, tropical, de chocolate branco e preto recheada com frutas vermelhas, étoile de chocolate com chocolate, ma-ra-vi-lho-sa, e a novidade, as bûche de sorvete. Ideal para o calor do nosso Natal tropical. Enquanto isso na cidade do Giancarlo não para de nevar. As nossas famílias trocam as invejas – quem está no calor pensa em neve, quem está no frio sonha em poder andar de manga curta, etc.







Como boa carioca-paulista-carioca também gostei da homenagem ao Rio: Um sorvete entre telhas de chocolate à La Praia de Copacabana.

Depois de tanta bûche fiquei curiosa. Afinal, da onde vem este doce e porque ele é relacionado ao Natal?

Nas leituras que fiz aprendi que a tradição vem do tempo pré-cristão, para honrar o deus Thor e celebrar o solstício de inverno (no hemisfério norte) com a construção de uma fogueira.
Quando o Natal substituiu os festejos de solstício de inverno, a França manteve a tradição e criou o ritual de uma vez por ano cortar uma árvore especial (bois franc) e queimar uma tora de sua madeira, perfumada com óleo, sal e vinho cozido, abençoada por rezas, na grande lareira para que o calor produzido aquecesse a noite da Ceia de Natal. Eles acreditavam que as cinzas desta tora tinham poderes medicinais e mágicos que afastariam os raios e que protegeriam a casa dos espíritos ruins durante o ano novo que se aproximava. O desaparecimento desta tradição coincide com o das grandes lareiras, substituídas progressivamente por fogões de ferro fundido. A gorda tora então foi substituída uma pequena, às vezes aumentada de velas e plantas, que era colocada no centro da mesa como decoração de Natal.
Dizem que um chef pâtissier criativo (no final do século XIX) teve a idéia de substituir a madeira por um bolo com forma de tora.
O bolo virou um doce tradicional. Um bolo enrolado, suculento, decorado com creme feito de manteiga e chocolate ou café, texturizado para lembrar o tronco de uma árvore, com folhagens e flores de açúcar. Hoje existe uma variedade grande deste doce, como você viu nas fotos acima, para agradar todos os gostos, e não é mais necessário ir à França para poder degustar a Bûche de Nöel. Natal agora só em 2010, mas fica aqui minha dica para o ano que vem.


2009 é o Ano da França no Brasil
e quem quiser iniciá-lo comemorando segundo as tradições francesas poderá fazê-lo comme il faut (como se deve): Dia 6 de janeiro sirva a Galette Du Roi (uma das versões do doce é uma torta de massa folheada recheada com creme de amêndoa, frangipane) que esconde uma fava ou um bonequinho de porcelana), mas esta é ainda outra história, outra tradição e muito divertida, por sinal. Conto como é da próxima vez.

Aonde Comprar:

Rio de Janeiro
Sofitel Rio de Janeiro
http://www.accorhotels.com.br/guiahoteis/Sofitel/hotel_bar.asp?cd_hotel=4
Av. Atlântica, 3264 – Copacabana - (0xx)21 2525-1232


São Paulo
Douce France
http://www.patisseriedoucefrance.com.br
Alameda Jaú, 554 – Cerqueira Cesar (0xx)11 3262-3542
Morumbi Shopping – Área Fashio – Piso Lazer – (0xx)11 5189-4584


Bibliografia:
http://www.joyofbaking.com/YuleLog.html
http://www.virtualmuseum.ca/Exhibitions/Noel/franc/buche.htm
http://www.2travelandeat.com/France/galettes.des.rois.html

Um comentário:

Anônimo disse...

Nossa, eu que sou apaixonada por doces to passando mal com todas as versões. Adorei a lenda que envolve o doce, adoro essas estórias que misturam os rituais pagões às festas cristãs, dão um toque mágico, né?
Um beijão pra vc e um 2009 maravilhoso pra vc e toda a família!